terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Estrutura Média da Temperatura nos Oceanos - Distribuição Global da Temperatura

Distribuição Global da Temperatura dos Oceanos


A distribuição horizontal de temperatura na superfície do oceano é mostrada na figura I(a). Como esperado, o valores mais altos são encontrados sobre as regiões tropicais com máximos valores sobre o oeste do Oceano Pacífico Equatorial e sobre o Oceano Índico, enquanto os fortes gradientes norte-sul são encontrados em médias e altas latitudes, sendo mais pronunciados no Hemisfério Sul.

Figura I(a). Distribuição global da temperatura da superfície do mar em ºC para condições anuais médias.(Levitus, 1982)


Por primeiro, as isotermas da superfície do mar são zonais em carater mas com alguma distorção  devido à influência dos continentes. Esta influência manifesta nas correntes quentes em direção aos polos (ou seja, Corrente do Golfo, Corrente do Brasil e Corrente Kuroshio) e as correntes frias em direção ao equador (ou seja, Corrente do Labrador, Corrente das Ilhas Canárias, Corrente de Benguela, Corrente da Califórnia, e Corrente do Peru). Assim, comparando ambos os lados do oceanos, encontramos que nos subtrópicos as águas no lado oeste tendem a ser mais quentes do que aquelas nos lados leste, enquanto em altas latitudes o oposto tende a ocorrer. Isto é evidente no Oceano Atlântico Norte onde o mar norueguês é anomalamente quente devido ao transporte de calor em direção ao polo na Corrente do Golfo.
As baixas temperaturas nas correntes em direção ao equador no lado leste dos giros subtropicais são reforçados pela ressurgência de água fria rica em nutrientes vindas das camadas mais profundas. As principais regiões nais quais a ressurgência da costa ocorrem são claramente mostradas na figura I pela inclinação das isotermas, chamada Corrente das Canárias (10º - 40º N), a Corrente da Califórnia (25º - 40N), a Corrente da Benguela (10º - 30ºS), a Corrente do Peru (5º - 45ºS) e (durante a monção sudoeste de verão) a Corrente da Somália ( 0 – 15º N). A ressurgência nestas regiões está associada com os regimes de vento locais e é mais intensa quando há um forte vento soprando em direção ao equador (em direção ao polo no caso da Corrente da Somália) paralelo à costa, conduzindo a um grande transporte de Ekman para longe da costa e direcionado para à direita do vento no Hemisfério Norte e para à esquerda no Hemisfério Sul (ver figura III). Estes regimes de vento estão conectados com a posição dos grandes anticiclones atmosféricos os quais se movem em direção aos polos no verão e em direção ao equador no inverno.
Para obter uma ordem de magnitude estimada da velocidade vertical na parte inferior da camada de ressurgência, assumiremos wE uniforme numa faixa de largura Lx ao longo da costa a qual é assumida orientada na direção norte-sul (ver figura III). Então a quantidade de massa transportada através de uma “parede” imaginária vertical de comprimento Ly numa distância Lx da costa é tal que
Devido à conservação de massa, este fluxo tem de ser compensado pela ressurgência vertical de mesma magnitude:

Por exemplo, para um vento soprando em direção a sul de 10m/s sobre uma distância Ly = 1500Km ao longo da costa (ver figura III(b)) a fórmula aerodinamica de bulk dá um stress de vento τ0y = 0.16N/m2, então temos que numa latitude φ = 25º, onde  f =0.62 10-4s-1, o transporte (B) se torna 

MEx  L≈ -3.9 x 109Kg s-1

Assim a água total exportada para longe da costa seria em torno de 4x109Kg s-1 ou um volume transportado em torno de 4 Sv ou 4x109Kg s-1 ou ainda 4x106m3s-1 . Além disso, se fizermos          Lx = 40 Km e ρ = 1.025x103Kg m-3 encontramos da equação (B) para a velocidade de ressurgência wE = 6.3 10-5m/s ≈ 5.5m/dia.

As temperaturas equatorias relativamente baixas são uma consequência da dominante superfície de ventos de leste que geram uma transporte de massa de Ekman para longe do equador. A razão para essa divergência de Ekman é que o parâmetro de Coriolis f muda de sinal no equador e então MEy = τ0x/f > 0 logo ao norte do equador e MEy < 0 logo ao sul do equador, conduzindo a (∂MEy/∂y ) > 0. Devido ao aumento em direção ao polo de |f| o transporte de Ekman diminui rapidamente com a latitude 
restringindo a extensão meridional da ressurgência para uma zona 
estreita ao redor do equador.
Podemos mencionar que as temperaturas negativas observadas  (abaixo de -2ºC) perto da Antártica e do Ártico na figura III(a) podem existir devido à redução do ponto de congelamento da água do mar associado com o sal dissolvido (Lei de Raoult).
Para mostrar o quanto o ciclo anual da temperatura da superfície do mar é importante, é apresentado na figura I (b) um mapa da diferença entre as médias de temperatura de Janeiro e Julho. 
Figura I(b) Distribuição global da diferença de temperatura da superfície do mar entre Janeiro e Julho em ºC.

Figura II. Distribuição da diferença horizontal da temperatura do ar em superfície entre os meses de Janeiro e Julho em ºC.

Figura III

As maiores diferenças em torno de -10ºC no hemisferio Norte perto de 45º de latitude próximo ao leste das costas dos continentes. Essas características podem estar ligadas com o prevalecimento da migração de faixas das massas de ar formadas sobre os continentes Norte Americano e Eurásia. Como essas massas de ar são quentes no verão e frias e secas no inverno, uma forte interação toma lugar, principalmente a leste das costas dos continentes, entre o ar e a água oceânica subjacente com intensa troca de calor latente e sensível.
Como esperado, as variações sazonais nas latitudes tropicais e equatoriais são quase pequenas, na maioria da ordem de 2ºC. No hemisferio Sul, a variação na temperatura é muito menor do que no hemisferio Norte com valores máximos de 6ºC ou menos devido à cobertura de terras limitada. As diferenças de temperatura são também mais uniformes zonalmente, com a exceção das regiões costeiras da África e América do Sul, presumavelmente associadas com variações na divergência e ressurgência.
Comparemos a figura I(b) com um mapa similar para a distribuição da temperatura atmosférica em superfície apresentada na figura II. A comparação mostra que a distribuição anual na temperatura oceânica é, em geral, muito menor do que a distribuição da temperatura atmosférica em superfície, a qual pode ser tão alta quanto 50ºC, sobre os continentes do Hemisferio Norte.