Brisa marítima e brisa terrestre
Os oceanos possuem um elevado calor específico, o qual impede a ocorrência de grandes oscilações térmicas durante o ciclo diurno. Por outro lado, sobre os continentes o calor específico é mais baixo, conduzindo oscilações térmicas maiores que à superfície dos oceanos, o que faz com que os continentes sejam mais quentes que os oceanos durante o dia.
Desta forma, estão reunidas as condições para o desenvolvimento de brisas nas regiões costeiras dos continentes. Ao longo do dia o ar aquecido e menos denso sobre estas regiões, sobe, e o ar mais frio sobre o oceano circula de forma a substituí-lo. Este tipo de circulação chama-se brisa marítima. Em altitude desenvolve-se uma circulação de retorno, o ar arrefece sobre o oceano, fechando a circulação principal. À noite, o arrefecimento da superfície terrestre é mais acentuado, no qual as temperaturas diminuem menos do que a da temperatura à superfície do oceano, formando uma circulação inversa da que ocorre durante o dia. À superfície o sentido do escoamento é agora da terra para o oceano, sendo este conhecido como brisa terrestre. A circulação da brisa marítima/terrestre (figura I) estende-se em geral a poucas dezenas de quilômetros da costa nas duas direções. Em condições favoráveis, no entanto, esta circulação pode assumir um carácter regional definindo o clima de grandes áreas do mundo.
Figura I. Brisas marítima e terrestre [Moran et al., 1997].
Brisa de vale e de montanha
Também a topografia pode dar origem a circulações de brisa, com inversão do sentido da circulação entre a situação diurna e noturna (figura II). Tal como no caso da brisa marítima/terrestre, a superfície do solo funciona como fonte de aquecimento durante o dia e de arrefecimento durante a noite. A um dado nível, a atmosfera sobre o vale encontra-se longe do solo, sendo pouco afetada pelo ciclo diurno. Enquanto isso, na zona montanhosa a esse mesmo nível, a atmosfera está em contato direto com a superfície, trocando calor. Assim, durante o dia a montanha comporta-se como uma fonte de calor, dando origem a uma circulação de ar mais fresco vinda do vale - a brisa de vale. Durante a noite a montanha é uma fonte de arrefecimento, tendo lugar uma corrente de ar frio da montanha para o vale, ao longo da encosta - a brisa de montanha. O vento junto da superfície na circulação de brisa de montanha é designado por vento catabático, podendo atingir velocidades muito elevadas. O vento de superfície associado à brisa de vale é designado por vento anabático.
Figura II. Brisas de vale e montanha [Moran et al., 1997].
RECAPITULANDO OS ASSUNTOS!
Brisa Marítima e Brisa Terrestre
A brisa marítima e a brisa terrestre são fenômenos meteorológicos relacionados ao movimento do ar entre o mar e a terra, influenciados principalmente pelas diferenças de aquecimento e resfriamento entre essas duas superfícies.
Brisa Marítima
Durante o dia, a superfície da terra se aquece mais rapidamente do que a superfície do mar devido à menor capacidade do solo em reter calor. Consequentemente, o ar próximo à costa é aquecido e se expande, criando uma região de baixa pressão. Como resultado, o ar mais frio e denso sobre o mar flui em direção à costa, gerando a brisa marítima. Essa brisa é mais perceptível nas proximidades do litoral e ocorre geralmente durante as horas mais quentes do dia.
Brisa Terrestre
À noite, a situação se inverte. A terra perde calor mais rapidamente do que o mar, fazendo com que a superfície da terra esfrie e resfrie o ar em contato com ela. Isso cria uma região de alta pressão sobre a terra. Enquanto isso, o ar sobre o mar ainda retém parte do calor adquirido durante o dia e permanece relativamente mais quente. Esse gradiente de pressão resultante faz com que o ar flua da terra para o mar, gerando a brisa terrestre. Essa brisa noturna também é mais evidente nas proximidades da costa e ocorre durante as horas mais frias da noite.
Brisa de Vale e de Montanha
Além das brisas marítimas e terrestres, existem as brisas de vale e de montanha, que são fenômenos associados às diferenças de temperatura entre as áreas de montanhas e os vales adjacentes.
Brisa de Vale
Durante o dia, o sol aquece as encostas das montanhas mais rapidamente do que as áreas dos vales abaixo. Como resultado, o ar nas encostas se torna mais quente e menos denso, gerando uma região de baixa pressão em relação aos vales. O ar mais frio e mais denso dos vales flui para cima, criando a brisa de vale. Essa brisa é comum em áreas montanhosas e geralmente ocorre durante o dia.
Brisa de Montanha
Durante a noite, as encostas das montanhas perdem calor rapidamente, tornando-se mais frias do que os vales circundantes. O ar resfriado nas encostas se torna mais denso, resultando em uma região de alta pressão. O ar mais quente dos vales, menos denso, sobe em direção às montanhas, gerando a brisa de montanha. Assim como a brisa de vale, esse fenômeno também é mais proeminente durante a noite.
As brisas marítimas e terrestres são influenciadas pelas diferenças de temperatura entre o mar e a terra, enquanto as brisas de vale e de montanha são resultado das variações de temperatura entre as áreas de montanhas e os vales próximos. Esses fenômenos são exemplos de como os processos de aquecimento e resfriamento da superfície terrestre podem criar movimentos verticais do ar, influenciando o clima e as condições locais de diferentes regiões.